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A Jornada do Autoconhecimento e os Traumas Invisíveis da Infância



Traumas infantojuvenis e suas cicatrizes
Traumas infantojuvenis e suas cicatrizes
Muitos dos traumas que vivemos na infância e adolescência não foram reconhecidos como tal. Crescemos ouvindo frases como “deixa pra lá”, “não foi nada”, ou até sendo forçados a perdoar situações que nem conseguimos compreender. O perdão, nesses casos, não vinha da alma — era exigido para manter a paz aparente. Mas por dentro, algo ficava mal resolvido.

Na tentativa de proteger nossa integridade emocional, nosso corpo e mente criam defesas. Enterramos dores profundas, normalizamos violências sutis (ou explícitas), e seguimos em frente achando que está tudo bem. Só que, com o tempo, a vida cobra. E o que não foi curado começa a se manifestar em forma de bloqueios emocionais, inseguranças, repetições de padrões, medo de intimidade, ou um constante sentimento de inadequação.

A maturidade e o autoconhecimento nos convidam a olhar para esses episódios com mais lucidez. Começamos a perceber que aquele “acontecimento bobo” deixou marcas. Que a ausência de acolhimento ou a distorção da nossa verdade nos moldou mais do que imaginávamos. E que as cicatrizes não tratadas da infância continuam influenciando como nos vemos e como nos relacionamos com o mundo.

Validar a própria dor é um ato de coragem. Não se trata de viver no passado, mas de encará-lo com honestidade. E quando há espaço para isso, a cura começa. O perdão — se vier — não será mais uma exigência externa, mas uma escolha genuína, sem pressa e sem culpa.

Perdoar não é esquecer, nem justificar. É reconhecer o impacto do que vivemos, sem negar a dor. É uma libertação que começa dentro de nós — e não um favor ao outro. Às vezes, o perdão é um processo silencioso e lento, que acontece pouco a pouco, quando sentimos que temos força para soltar o peso que carregávamos. Outras vezes, ele nem chega — e tudo bem. Porque mais importante do que perdoar é se acolher. E quando há acolhimento, o coração naturalmente se abre, até mesmo para o perdão, sem que ele precise ser exigido.

Autoconhecimento é isso: um retorno ao passado com olhos adultos, para resgatar partes de nós que ficaram esquecidas. Não é sobre culpados, é sobre libertação. Não é sobre remoer, é sobre entender. E só quando acolhemos nossa história com amor e verdade, podemos reescrevê-la — mais leves, mais inteiros, mais nós.

Milene Couto Silva Bendixen

 
 
 

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